sexta-feira, 24 de julho de 2009

Primeiro Conto: Vermelho


Fala de amor como se pudesse pegá-lo com a mão afim de
manipulá-lo.
Falou dela quando entrou correndo, porta à dentro, não sabia se queriam ouvi-la falar,
mas ela só falou, e falou desde então, que se era amor o que sentia, sentia medo.
Medo de que? Questionei. Afim de colocá-la à prova dos seus sentimentos. Ou Organizá-los, só! Dizia aos gritos - " É ela, é ela, a mulher da minha vida!"
Ela toma café, tem mãos lindas e um esmalte gasto, pelos dias, ou pelo trabalho.
Ela tem uma boca enorme e vermelha, um olho verde mas daqueles que combina com a boca e com o vermelho escuro da unha, já meio gasto, repetia.
Ela fugiu de mim, contou-me, assustada.
Xinguei como se xinga uma criança mal-educada!
- O que fizeste?
- Como assim, espantas a mulher da tua vida?
- " Ela é linda!" -respondeu.
- Ela acredita no amor e não acredita em mim, ela fala de amor com facilidade e não tem medo de se expôr, ela me deixa confusa, ela me deixa perdida, ela me encontra, e ela me desperta, ela me invade de coisas que eu não conhecia, ela me carrega no olhar e no movimento da boca, ela me deixa louca, e eu nem dou mais bom dia pra você!
Me falou disso, achando que eu poderia salvá-la. E eu disse : - Salvar? Corre pra ela! Deixa essas cores novas invadirem o teu dia que andava tão bege e cor-de-burro-quando-foge! Prende ela com teus dedos, coloca-a no meio das tuas articulações, afinal pra quê servem tê-las tão visíveis no verso da tua mão?
-Tenho medo! Ela me fará sofrer! Não sei lidar! Disse ela, com receio no olhar.
Ela tem tudo que eu sempre quis, ela fala de amor diferente do meu amor, e eu acho que a nossa opinião é diferente mas é tão bom que seja assim, assim a gente tem o que falar. Assim ela me decifra, e eu adoro ver ela questionar!
Ela que tem acolhido minha sanidade esses dias e hoje choveu e eu queria ter ido lá, e eu achava que não ía sentir falta, nem falei em ir, mas eu queria ver a cor da chuva da janela dela, eu queria ver que cor tem a chuva quando eu sento do lado dela , eu queria ver aquela taça de vinho pela metade, em cima da mesinha de centro, e falar dos meus medos, e sentir corpo dela me aquecer, por boa parte da noite.
Ela me olhou dizendo tudo isso e perguntou-me:
- É amor? Heim? que cor tem esse amor?
E eu disse:
- É cor de inverno que esquenta só de olhar, é cor de verão que dá calor só de tocar, é cor de qualquer estação, que o vermelho possa entrar.




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sábado, 18 de julho de 2009

No meu tempo


No meu tempo os mais novos respeitavam os mais velhos, os filhos amavam os seus pais e no mínimo irmãos se aturavam.

No meu tempo, eu via namorados dividindo a igreja, e subindo no altar usando branco.

Não que eu esteja velha, ou ficando, apesar da data de aniversário estar se aproximando, e a velha mania da síndrome de Peter Pan e sua gloriosa Terra do Nunca, me assombrarem.

Deve ser uma avaliação breve e passageira que eu resolví conversar com o vidro do ônibus, sim eu só ando de ônibus agora, porque assim eu consigo manter a minha dignidade no trânsito carioca, porque no meu tempo até tomar chimarrão no volante dava multa! Aqui tudo é possível!

Aqui, aprendi a gritar, me enfiar na frente dos outros, xingar mulheres mesmo sendo uma tantinho feminista, mandar os com mais de 60 para o asilo, sem me importar com minha não aceitação da velhice.

No meu tempo, amar um ou outros era fácil.

Hoje as 16:08 é melhor eu não me aproximar dos outros. E isso foi de agora, que andando na calçada quase que um Mercedes, com um senhor que aparentava ter uns 50 ou mais, por um segundo não me fez virar chiclete no asfalto!

Ou os tempos mudaram, e não nos vemos mais obrigados a olhar para o lado e sim só para frente e acima da linha do horizonte, ou como diz mesmo Renato Russo " a humanidade é desumana".

Mas isso, eu já sabia.
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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Quem é você


Quem é você que me faz te aceitar sem dizer não.

Quem é você que me faz renunciar todo dia, qualquer ilusão que possa me fazer rir.

Quem é você que me invade sem fim, onde você se enconde, onde é a tua casa?

De onde vem essa força, que vem de ti me agarrando todos os dias pelos pensamentos?

Essa calma que me faz pensar em ti, essa vontade de te ver passar, a qualquer hora.

Quem é você que me esconde do resto do mundo, querendo-me só pra você, num coração eternamente só teu.

Num fôlego só teu, na respiração só tua, de sentir meu peito apertar querendo te conhecer, quem é você que se esconde de mim, e me faz viver assim, sem saber de onde vem você, e toda essa certeza de que você irá me resgatar.

Quem é você que me mata de saudade, da saudade de não ter vivido, quem é você que me faz correr contra o tempo ou viver o tempo.

Quem é você que nem conheço só escuto tua voz, dizendo "espera",

e eu digo " escuta".

Você diz espera, eu espero com calma mas meu coração te busca aonde quer que você esteja perto ou longe. Aqui, ou do outro lado do mundo, aqui, na outra rua.

Então eu espero.

Eu digo escuta, porque eu sei que você, de noite, quando deita na cama, me procura, me chama, e me repete, e aonde quer que eu esteja, eu sigo até o seu pensamento, até o seu quarto, e falo no seu ouvido, juras de amor tão eterno.

quem é você que me arranca essas breguices, malucas, sem nexo e com tanta certeza.

Quem é você?


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terça-feira, 14 de julho de 2009

Na outra parte


Uma parte de mim

é escrever.

Outra parte de mim,

é pensar.

Uma parte de mim,

é ir na frente.

Outra parte,

é inventar.

Uma parte mim,

é sol, calor, mar, praia e você.

Outra parte,

maremoto.

Uma parte de mim,

é razão, sem muito o que dizer, apenas, poucas vezes coração.

Outra parte de mim,

chora na novela, ri do tombo alheio, brinca com o gato, briga no trabalho.

Uma parte de mim,

vai embora.

Outra parte de mim,

releva.

Uma parte de mim,

é contramão.

Outra parte,

implicante.

Uma parte de mim,

apaixona.

Outra parte,

afasta.

Será eu, ou o que os outros falam?

Será eu?



( Inspiração - Ferreira Gullar)
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sábado, 11 de julho de 2009

O meu coelho da hora

Sexta:

Acordei tarde.
Não tomei café.
O meu coelho da hora se atrasou.
Corri pra pegar o ônibus. (tá virando moda!)
Adorei trabalhar muito.
Sentei lá no Ale,
comi,
bebi,
escrevi,
tive muitas idéias.
Não paguei os 10%. (Sempre pago!)

Sábado:

Senti tua falta logo que abri os olhos.
Fui mais cedo trabalhar.
Meu coelho da hora me acordou.
Sabia que ía chover, não peguei o guarda-chuva.
A semana tinha sido boa.
Refleti.
Comi demais o dia todo.
Tomei banho de chuva na volta do trabalho.
Me esqueci do Rei.
Lembrei de ti.

Agora:

Tinha muitos projetos pra passar pro computador.
Deu preguiça.
Vontade de nada.
Dor de estômago.
Chá pra quem quer melhora.
O meu coelho da hora me esperando para adormecer.
Falei pra você o que quase ninguém
nem queria saber.





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quarta-feira, 8 de julho de 2009

Chutando o inferno astral


Quer saber... chuto mesmo o pau da barraca!
Que raio de inferno astral que nada!
Passo ele por cima, passo ele pro lado, passo por ele e dou risada!
Nunca fui de mau-humor, nunca fui de acreditar, nos que os outros saem por aí falando.
Acredito no que meus olhos vêem.
Acredito no que meu coração sente!
E no que meu sentido me alerta.
Nunca fui de me entregar, e não vai ser por um mês, que eu vou acabar com a minha emoção e a emoção de quem me rodeia!
Sim né, porque se eu me entrego, consequentemente, quem me rodeia acaba por se afastar, e isso não tá acontecendo, e não tá porque, eu não deixo.
Chutei o inferno astral pra bem longe de mim, dormi o dia todo, tive sonhos bons, águas claras, e o mar estava leve, minha maré subiu, minha areia foi filtrada, e onda voltou a bater com força na pedra.
Pode esperar... dia 23 eu tô de volta!
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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Acontece todo dia

*
Acontece nos melhores dias:
-Perdi o fio da meada!
*

Era de Virgem





Confessava que poderia passar horas falando dos detalhes, que lhe serviam para dar inspiração aos movimentos da face quando a via. Sabia de deveria ter calma ao falar dela, ou com ela.


Ela, que era tão observadora.




Ela era menina, coração parecia puro, e ainda virgem de sentimentos novos.


Ela era doce, mas sua lágrima descia pelo rosto salgando a pele, porque ele não à queria?


De onde vinha tanta perfeição, tanta coisa para se olhar.

Passaria horas olhando pra ela.


*


Para tentar aos poucos desvendar os mistérios dos seus olhos.

Da onde que vinha aquele recato impenetrável.

Ela sempre teve suas próprias idéias, sua vida, sua comida, sua casa.

Ela era do tipo que tinha seus apegos, suas necessidades, suas coisas.




*

Ela era do tipo auto-suficiente.

Sabia disso. Mas não sabia como agir.

Era virginiana. Sabia disso.

Virginianas são cautelosas.


*

Sempre gostou de ver quando tomava banho todos os seus movimentos eram cauculados.

Primeiro o shampo.

Logo em seguida, não muito tempo depois, o creme.

Descendo pelo pescoço, o sabonete líquido.

Percorrendo o corpo todo, primeiro de um lado, e logo após, o outro.

Tinha manias até para escovar os dentes, achava que escovava um por vez!


Sempre preferiu fazer as coisas por ela mesmo, sem pedir ajuda.

Ele sempre soube que ela era extremanente capaz de fazer tudo sem ele.

Não se preocupou. Sabia de longe que não poderia invadir seu espaço privativo, e secreto.
Porque esse mistério?
De onde vem seus olhos que penetram com facilidade?
De onde vem você pedindo uma frase de amor?
Mesmo assim, ele estava longe dela.
E porque meu Deus, ele não à queria?



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quinta-feira, 2 de julho de 2009

Inferno Astral


Nunca prestei tanta a atenção, nessas coisas de inferno astral!
Não sei porque mas sei extamente o dia em que entrei no meu.
Tava até nublado.
*
Odeio dias nublados.
*
Reparei já pela manhã quando o açúcar não adoçou o meu café,
quando peguei a toalha pra ir tomar banho, dormindo em pé praticamente e pisei nela, quase causando um acidente entre eu e a porta do banheiro.
Quando olhei no relógio já marcavam 8:10, sendo que 8:10, eu já tenho que estar com a bunda, sentada dentro do ônibus.
Aí,tudo aquilo que odeio mais que tudo, tive que fazer.
*
Correr pra pegar o ônibus.
*
Corri, atravessei o sinal vermelho com sacola, bolsa, casaco, cabelo no rosto, aquela imagem terrível, que um vê a gente correr, e meia dúzia sai correndo atrás.
Provavelmente, pra sentar primeiro!
*
Perdi o ônibus, alguns entraram.
*
Logo, pensei, o que que é que estava acontecendo???
Juntei o dia, a hora, o nublado, a revolta sem sentido, logo eu que sempre fui calma, não tanto, mas cosideravelmente, serena.
Foi quando, me veio em mente: Pronto! Entrei no inferno astral!
Não quis me entregar né, e lá sou de me entregar assim tão fácil, neguei um pouquinho, falei que frescura é essa agora? ainda mais depois de velha?
*
Fiquei irritada. O dia T-O-D-O.
*
Achei que passava, depois de uns minis-ataques-histéricos-sozinha-eu-e-meu-eu-interior.
Que nada, algo do tipo, no mínimo cinco TPMS fora do tempo, e ao mesmo tempo, odeio pessoas mal-humoradas, pra mim sempre foi sinônimo de falta de alguma coisa..que eu nem penso em citar aqui.
Me ví na mesma situação.
* Me vejo.
* Quando passa? depois do mês T-O-D-O??
* Deve ser culpa, do ascendente.
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Duvido



Eu duvido, que em todo esse tempo de amores,

você tenha encontrado alguém que te

deseje tanto.

Que te agrade, sem te repetir.

Que te ajude, na hora em que te falta a força.

Eu duvido, que exista alguém que sonhe mais com você, e por tantas noites uma atrás da outra.

Que grite o teu nome, tantas e tantas vezes.

Que repita o teu grito. E que arrepie os pêlos dos braços e da coluna vertebral quando escuta a tua voz.

Que o coração acelere tanto, e que a temperatura corporal suba em segundos.

Eu duvido, que você tenha encontrado alguém que tenha tanto amor guardado, e que tenha te dado tanto amor sem te fazer enjoar.

Que te mime.

Que te surpreenda.

Todos os dias.

No trabalho.

No carro.

De manhã e à noite.

Em casa.

Nos lençóis.

Eu duvido que você tenha encontrado alguém, que cumpra o que te prometeu, e aquela vidinha fofa e cor de rosa que você sempre quis.

Que saiba te amar.

E eu duvido, porque sei que você caminha hoje, para amanhã

me encontrar.


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